terça-feira, 8 de abril de 2008

Quintas de Peles: Maximização do lucro pelo sofrimento animal

Oitenta e cinco por cento das peles animais da indústria do pêlo provêm de animais que vivem em cativeiro em explorações da especialidade. Estas explorações têm capacidade para manter milhares de animais e as suas práticas são notavelmente uniformes por todo o globo. Tal como no caso de outras explorações de aprisionamento intensivo de animais, os métodos utilizados pelas explorações de pêlo foram desenhados para maximizar os lucros, sempre em detrimento dos animais.


Vidas Curtas e Dolorosas
O animal com pêlo mais explorado pela indústria é o vison, seguido da raposa. Os chinchilas, linces e até hamsters são também criados pelo seu pêlo. Sessenta e quatro por cento das explorações de pêlo situam-se na Europa do Norte, 11 por cento estão na América e o resto está disperso por todo o mundo, em países como a Argentina ou a Rússia.

Os produtores de vison criam, normalmente, fêmeas uma vez por ano. Sobrevivem três a quatro animais por cada ninhada e são mortos quando completam apenas meio ano de vida. Os visons usados para criação são mantidos durante quatro a cinco anos em jaulas demasiado pequenas, sobrevivendo ao medo, ao stress, a doenças, parasitas e outras dificuldades físicas e psicológicas.

Tudo por uma indústria global que ganha milhares de milhões de dólares anualmente!

Os coelhos são abatidos aos milhões pela sua carne, particularmente na China, em Itália e ou em Espanha. Antigamente, o pêlo destes animais era considerado um produto resultante desta exploração, mas, actualmente existem explorações que se dedicam à criação de coelhos exclusivamente pelo seu pêlo. É que a indústria das peles exige que o pêlo de coelho para vestuário seja mais grosso, ou seja, que provenha de animais mais velhos do que aqueles que são abatidos para consumo humano.

Num relatório das Nações Unidas, divulgado pela People for the Ethical Treatment of Animal (PETA), constata-se que, hoje em dia, são poucas as peles retiradas de coelhos enviados para matadouros e os países, como a França, estão a matar 70 milhões de coelhos por ano apenas pelo seu pêlo. A aplicação deste pêlo encontra-se no vestuário, em anzóis para pesca e em artigos manufacturados.


A Vida na Quinta
Para reduzir os custos de produção, as quintas de peles usam pequenas jaulas para amontoarem os animais que criam, permitindo-lhes apenas o espaço para darem pequenos passos para trás e para a frente. O amontoamento de animais e o aprisionamento são condições particularmente prejudiciais aos visons.

Os visons são animais naturalmente solitários, que chegam a ocupar mais de mil hectares de uma zona húmida, se deixados em habitat natural. A angústia que lhes provoca uma vida inteira de enjaulamento conduz, muitas vezes, à auto-mutilação: os visons mordem a pele, as caudas e as patas, enquanto passeiam em intermináveis círculos frenéticos.

Zoologistas da Universidade de Oxford estudaram visons em cativeiro, tendo concluído que, apesar de já serem mantidos em jaulas há várias gerações, os animais ainda não foram domesticados e o aprisionamento constante causa-lhes enorme sofrimento, especialmente se não lhes for dada a oportunidade de nadar. Raposas, guaxinins e outros animais sofrem o mesmo martírio e já se registaram episódios de canibalismo derivados das condições de aprisionamento.

Os animais mantidos em quintas de peles são alimentados com produtos de carne impróprios para o consumo humano e falta-lhes, muitas vezes, água.


Pestes e Parasitas
Os animais criados em cativeiro pelo seu pêlo são mais susceptíveis a doenças do que os seus parceiros livres. Doenças contagiosas, como a penumonia, propagam-se facilmente entre jaulas, tal como as pulgas, carraças, piolhos e ácaros. As moscas portadoras de doenças procriam facilmente nos montes de resíduos em degradação que se acumulam durante meses debaixo das jaulas dos animais.

Uma investigação secreta da PETA apurou que os animais enjaulados são deixados para morrer de infecções graves e ferimentos. É que aos produtores de pêlo só lhes interessa o casaco do animal – nada mais.


Veneno e Dor
Os métodos de abate destes animais para obtenção do pêlo são, no mínimo, chocantes. O objectivo dos produtores é apenas preservar a qualidade do pêlo e, por isso, usam métodos que deixam o exterior do animal intacto, mas que o submetem a sofrimento extremo.

Os animais mais pequenos podem ser sujeitos a uma morte lenta através da exposição a fumos do escape de um veículo automóvel. São amontoados em caixas sem respiradouro e depois submetidos aos gases. No entanto, muitas vezes, o método não é letal e alguns animais acordam durante o processo de esfolamento.

Aos animais de maior porte aplicam braçadeiras nas bocas, enquanto introduzem varas nos seus ânus para os electrocutarem; outros ainda, são envenenados com estricnina, que os sufoca pela paralisia muscular, são gaseados, colocados em câmaras de descompressão ou partem-lhes o pescoço.

A indústria norte-americana das peles recusa-se a condenar semelhantes métodos e considera a electrocussão genital como «aceitável».


Usarias o Teu Cão?
Uma investigação secreta da Humane Society of the United States revelou, num programa de 1998 da NBC – Dateline – que a indústria do pêlo de cães e gatos é um negócio multi-milionário na Ásia. Descobriram que vários produtos vendidos no mercado norte-americano eram feitos com pêlo de cães e gatos e a sua entrada no país foi banida. No entanto, de acordo com a PETA, continuam a vender-se os mesmos produtos, porque a etiquetagem dos mesmos é deliberadamente errada e a detecção de ilegalidades neste âmbito só é possível com a realização de testes laboratoriais demasiado caros.


Adaptado de Inside the Fur Industry: Factory Farms
http://www.peta.org


http://www.accaoanimal.com/

Sem comentários: